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9 de fev. de 2012

A lepra o deixou e ele ficou limpo -Missionários Claretianos A lepra o deixou e ele ficou limpo -Missionários Claretianos


Domingo, 12 de fevereiro de 2012


6º Domingo do Tempo Comum

Santos do Dia:
Antonio Kauleas (bispo, Patriarca de Constantinopla), Bento Revelli (monge, bispo de Albenga), Damião (mártir de Alexandria), Etelvaldo de Lindisfarne (monge, bispo), Eulália de Barcelona (virgem, mártir), Gaudêncio de Verona (bispo), Goscelino de Turim (abade), Melécio de Antioquia (bispo), Modesto (diácono, mártir), Modesto e Amônio (mártires de Alexandria), Modesto e Juliano (o primeiro, mártir de Cartago; o segundo, de Alexandria), Umbelina (abadessa, irmã de São Bernardo).

Primeira leitura: Lv 13,1-2.44-46
O leproso terá sua morada fora do acampamento.
Salmo responsorial: Salmo 31
Tu és meu refugio, me cercas de cantos de libertação
Segunda leitura: 1Cor 10,31-11,1
Sigam meu exemplo, como eu sigo o exemplo de Cristo
Evangelho: Mc 1,40-45
A lepra o deixou e ele ficou limpo

No evangelho de Marcos, lido hoje, Jesus se encontra com um leproso que se atreve a romper uma norma que o obrigava a permanecer distante do convívio dos cidadãos. Essa norma é também lembrada na primeira leitura, do Levítico. Na tradição judaica (primeira leitura) a enfermidade era interpretada como uma maldição divina, um castigo, uma conseqüência do pecada da pessoa enferma ou de alguém da família.

Por ser considerada contagiosa, a lepra era regulamentada por normas rígidas que excluíam da vida social as pessoas afetadas. Essa falsa crença de que a lepra era contagiosa perdurou durante muitos séculos. O doente da lepra era um morto em vida, e o pior era que a enfermidade era normalmente considerada incurável. Os sacerdotes tinham a função de examinar as chagas do enfermo e em caso de diagnostico positivo, a pessoa era declarada impura.

Ela deveria se retirar do convívio, começar uma vida de solidão, a viver em desalinho, gritando pelos caminhos: "Impuro! Impuro!", para evitar encontrar-se com pessoas sadias que poderiam ser contagiadas. Na realidade, todo o sistema normativo religioso gerava uma permanente exclusão de pessoas por motivos de gênero, saúde, condição social, idade, religião e nacionalidade.

Certamente, esse homem, cansado de sua condição, aproxima-se de Jesus e se ajoelha, colocando nele toda sua confiança: "Se queres, podes purificar-me". Jesus se compadece e o toca, rompendo, não somente um costume, mas também uma norma religiosa sumamente rígida. Jesus age com liberdade em relação à lei que marginaliza e exclui a pessoa.  Jesus coloca a pessoa acima da lei, inclusive da lei religiosa. A religião de Jesus não está contra a vida, antes ao contrario: coloca a vida das pessoas como centro de tudo. A vida das pessoas está acima da lei e não o contrario.

Jesus pede silencio (é o conhecido tema do "segredo messiânico", ainda hoje um tanto misterioso), e o envia ao sacerdote como sinal de sua re-inclusão na dinâmica social, "para que sirva de testemunha" de que Deus deseja e pode agir para além das normas, recuperando a vida e a dignidade de seus filhos e filhas. Porém, esse homem não faz caso de tal segredo, rompe o silencio, e começa a proclamar com entusiasmo sua experiência de libertação.

Não parece que se tenha servido da mediação do sacerdote ou da instituição do templo, mas que se auto-inclui e toma a decisão autônoma de divulgar a Boa Noticia. Isto faz com que Jesus fique impedido de se apresentar em público nas cidades e passa a viver em lugares ermos, pois ao assumir a causa dos excluídos, Jesus se converte em um excluído também. Contudo, fora dos lugares oficiais da vida, começa a brotar a vida nova para quem o descobre e o busca.

É uma página recorrente nos evangelhos: Jesus, não somente prega, mas cura, purifica os enfermos. Palavras e fatos, dizer e fazer, anuncio e construção, teoria e prática. Libertação integral: espiritual e corporal. E essa é sua religião: o amor libertador, acima de toda lei que aliena. A lei consiste precisamente e acima de tudo em amar e libertar.

A segunda leitura segue um caminho independente diante da relação entre a primeira e a terceira leituras. É um belo texto de Paulo que fala da integralidade da espiritualidade. A espiritualidade não é tão "espiritual"; de alguma maneira é também "material". É preciso lembrar que a palavra "espiritualidade" é uma palavra desafortunada. Temos que usá-la, porém precisamos rever seu sentido etimológico. Não queremos ser "espirituais" se isso significa valorizar o espírito e desprezar o corpo ou a matéria.

Paulo está nessa linha: "Quer comais, quer babais, ou façais qualquer outra coisa...". Não somente as atividades tradicionalmente tidas como religiosas, ou espirituais, têm a ver com a espiritualidade, mas também atividades muito materiais, preocupações muito humanas, como o comer e o beber, ou qualquer outra atividades de nossa vida, podem e devem ser integradas no campo de nossa espiritualidade (que já não se torna somente espiritual).

Nossa vida de fé pode e deve santificar toda nossa vida humana, em todas as suas preocupações e trabalhos, não somente quando temos a sorte de poder dedicar nosso tempo a atividades "estritamente religiosas", como a oração e o culto.

O Concilio Vaticano II insistiu muito nisso: "Todos somos chamados à santidade" (LG, V). Não existem os "profissionais da santidade", que estariam num suposto "estado de perfeição", enquanto os demais teriam que atender a preocupações mais humanas. Não. Todos somos chamados a realizar trabalhos, tarefas, preocupações humanas... "nossa própria existência" à categoria de "culto agradável a Deus" (Rm 12,1-2). Podemos ser muito "espirituais" (com reservas para esta palavra de ressaibos greco-platônicos), mas podemos também nos santificar com o mais "material" de nossa vida.

Oração

Ó Deus, Pai criador, que nos amas e nos chamas cada dia a conformar nossa vida em Jesus, teu Filho, nosso mestre e irmão. Concede-nos coragem para arriscar e liberdade para assumir o projeto de Jesus para a construção de uma sociedade justa e igualitária, onde cada pessoa encontre seu próprio lugar e valia, onde a lei não seja utilizada para beneficio de alguns privilegiados, mas para defender a vida em todas as suas expressões, especialmente naquelas que correm perigo e manifestam sinais de fragilidade. Tu que vives e amas pelos séculos dos séculos. Amém.

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