Evangelho (Marco 2,18-22)
O evangelho de hoje nos apresenta os discípulos de João e os fariseus, que faziam jejum, e perguntaram a Jesus porque seus discípulos não jejuavam. E Jesus responde que os seus discípulos não estavam em jejum porque Ele ainda estava presente no meio deles, e isso era motivo de festa e de alegria. Quando chegasse o dia em que Ele não estivesse mais com eles, é que deveriam jejuar, em preparação para sua nova vinda, porém um jejum diferente legalismo religioso antigo. Seus amigos, seus discípulos sofreriam perseguições e dificuldades, tristezas e desolação, seria essa a nova forma de jejum e penitência que Jesus apresentava.
Na época de Jesus o jejum era uma prática que fazia parte do dever religioso entre os judeus. Os fariseus como os discípulos de João Batista jejuavam regularmente. O jejum judaico era uma espera do Messias, um sinal de dor, de penitência, para implorar a misericórdia de Deus, ou mostrar arrependimento dos pecados. Mas agora Cristo estava no meio deles, não era necessário jejum, penitência corporal, principalmente quando a intenção atrair os louvores. Ninguém precisa ficar sabendo que estamos fazendo jejum, somente Deus, é para Ele o nosso jejum. E muito menos demonstrar tristeza e abatimento por estar jejuando. Fazer algo de bom por interesse próprio é sinal de hipocrisia, de falsidade. E era essa prática que Jesus não concordava. Os fariseus praticavam o jejum e continuavam oprimindo o próximo, e isso Jesus rejeitava.
Jejum não é sacrifício, muito menos uma troca de favores entre o cristão e Deus, para conseguirmos de Deus o que queremos. Jejuar é deixarmos de lado ou deixar de fazer aquilo gostamos, fazer um sacrifício, por uma boa intenção e para entender a vontade de Deus em nossa vida. Se não jejuarmos para Deus, de nada adianta. Devemos estar concentrados em Deus. Pois o jejum nos mudará, fazendo-nos reconhecer tudo o que prejudica nossa vida no dia a dia, como nossas atitudes egoístas, de falta de amor, de palavras que magoam, a falta de gentileza, os nossos medos, nossa falta de piedade de caridade. Quem sabe não precisamos fazer um jejum por todas as nossas atitudes mesquinhas e até nós mesmos? Deus quer que tenhamos um coração puro, sincero e humilde. Façamos um jejum que nos deixe em maior sintonia com Deus, para que sejamos sempre por ele orientados.
E Jesus nos apresenta duas comparações do "remendo novo que repuxa o pano velho e do vinho novo em odres velhos" que esclarecem sua resposta sobre o jejum. Ele é pano novo e vinho novo que se mostra em sua pessoa, no novo ensinamento e nova doutrina religiosa. Jesus nos apresenta uma nova Igreja, rompendo assim com velho estilo religioso dos judeus. Jesus que libertar a todos que ainda estão presos no passado. "Temos que deixar que atue em nós e na nossa comunidade o vinho novo do Espírito de Cristo, fermento de novas relações com Deus e os irmãos".
Mª Elian.
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| Quarenta breves textos de quarenta mestres espirituais, um para cada dia, que nos pode ajudar a viver este tempo de conversão. | | | | Sofrimento redentor | | | | Que imenso é o oceano do sofrimento humano que em cada momento se estende por toda a terra! De que está feita esta massa? De escuridão, lacunas e rejeições. No sofrimento esconde-se a força ascendente do mundo de uma maneira muito intensa. O tema é como libertar e lhe dar uma consciência de seu significado e potencialidade.
O mundo saltaria para Deus se todos os doentes voltassem sua dor em um desejo comum de que o Reino de Deus se fizesse realidade através da conquista e organização da terra. Todos os sofrimentos da terra juntariam seus sofrimentos para que a dor do mundo pudesse chegar a ser um grande e único ato de consciência, de elevação e de união. Não pensem que esta seria uma das formas mais elevadas que o misterioso trabalho da criação poderia trazer adiante de nossos olhos?
Não poderia ser precisamente para isto que a criação se completa vista desde a paixão de Jesus? Talvez, olhamos para a cruz e vemos somente um sofrimento individual, só um simples ato de expiação. O poder criativo dessa morte nos escapa.
Se tomamos uma perspectiva mais ampla, podemos ver que a cruz é o símbolo e lugar da ação cuja intensidade está para além da expressão. Inclusive desde o ponto de vista mundano, Jesus crucificado, é entendido plenamente, não é recusado ou conquistado. Ao invés é o que leva o peso e leva cada vez mais alto para Deus a marcha universal do progresso. Atuemos como Ele, para que em nossa existência estejamos unidos a Ele. | | | | Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955)
Jesuíta francês, teólogo, paleontólogo e filósofo | | |
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| Quarenta breves textos de quarenta mestres espirituais, um para cada dia, que nos pode ajudar a viver este tempo de conversão. | | | | O jejum que eu quero | | | | Este é o jejum que eu quero: jejum de violência, não causar dano, ser intolerante com a guerra, e resistir vivendo com uma devoção apaixonada à palavra feita carne na carne de todos os povos. Quero jejum de tudo o que causa falta de respeito, desdém, discórdia e desesperança, arrogância, humilhação, desprezo, e um sentimento de auto-justificativa.
Devemos recordar que a palavra "inimigo" é só outro nome para expressar o que uma vez fomos com respeito a Deus, mas agora temos sido abraçados na Paixão, morte e ressurreição de Jesus. A morte de Jesus é a expressão última e extrema da paz da paixão esgotada totalmente.
Este é o fundamento das outras práticas. Esta é a paz de Cristo, a "pax Christi". Começa "negando teu próprio eu" (Mc 8) para que não negues a paz de Cristo, ou para que não faças dano nem exerças a violência contra ninguém. Muda, inclina-te diante dos outros, dobra teus joelhos e serve, dá tua vida como resgate por muitos.
Isto é o que o que significa ser de Jesus, se converter em discípulo. Não prometemos viver nenhum sinal de poder, senão sob o sinal da cruz. Assim prometemos praticar o perdão, a anistia, a reconciliação, a graça, o amor a nossos inimigos, nos amar uns a outros, tal como temos sido amados por Deus em Jesus, viver cada instante, viver livres do medo e do ódio, e prometemos não ser violentos nem prejudicar ninguém na terra.
Esta Quaresma convida a diminuir nossas normas, que originalmente quer dizer baixar nossos braços. As mensagens com a imagem do reino pacífico do Nascimento devem realizar-se na Quaresma, onde "então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide" (Is 11, 6-8). Sinal da paz de Deus entre nós.
Vejamos algumas sugestões práticas: - Orar por aqueles que ainda etiquetas como inimigos;
| - Orar por aqueles que fazem questão de usar a guerra como reação aos problemas existentes no mundo ou para tratar seu sentido de medo e ira como represália das ações dos outros;
| - Fazer o sinal da cruz e reflexionar sobre o poder da paz de Cristo.
| Caminhemos assim o caminho da cruz, o caminho da paz e a não-violência. E então chega a Páscoa: "Sob as cerejeiras não há estranhos" (Kobayashi Issa), e sob a cruz não há inimigos, porque se descobre que todos são amigos de Deus. Oremos para viver "no nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo. Amém". | | | | Megan Mckenna
Escritora, pregadora e embaixadora
da paz no movimento PAX CHRISTI nos Estados Unidos | | | | |
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