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11 de out. de 2010

"Façam o que ele mandar" - Padre Queiroz

Terça-feira 12 de outubro de 2010

"Discordo daquilo que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres." (Voltaire)


Jo 2,1-11

Jesus realizou este início dos sinais em Caná da Galiléia.

Este Evangelho, das Bodas de Caná, nos trás dois ensinamentos: Um cristológico, referindo-se a Jesus que realiza o milagre de converter a água em vinho; e um mariológico, baseado na intervenção suplicante de Maria.

“Este foi o início dos sinais de Jesus... Manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele.” O evangelista chama o milagre de sinal porque é uma manifestação de Jesus, pela intercessão da sua mãe Maria; e porque é um anúncio do banquete do Reino de Deus, em que haverá do vinho da salvação, “sangue da nova e eterna Aliança”.

Está presente também a imagem do casamento como símbolo da Aliança de Deus com o povo. “Como a noiva é alegria do noivo, assim também tu és a alegria de teu Deus” (1ª Leitura).

A intervenção de Maria, antecipando a “hora” de Jesus, isto é, a manifestação de sua glória através de milagres, destaca a solicitude maternal de Maria que se mostra sensível às necessidades do próximo. Mostra também a força intercessora de Maria junto a Jesus. Assim entendeu o povo cristão, desde o início, confiando na mediação da Mãe do Senhor.

São três as bases da devoção mariana:

1) A Bíblia, especialmente os Evangelhos, que nos mostram Maria dentro do projeto salvador de Deus por Jesus Cristo, e cuja missão é inseparável de Cristo. Evidentemente, os católicos não adoram, mas veneram Maria.

2) Jesus Cristo. A figura de Maria não pode entender-se senão a partir de Cristo, pois tudo em Maria tem raiz, orientação e sentido cristocêntrico. Cristo é visto sob vários matizes. Um deles é Maria. A devoção mariano não é algo paralelo ao mistério de Cristo, mas é justamente a entrada nesse mistério por um ângulo, entre tantos outros.

A chave para se entender a devoção mariano é a sua maternidade divina, portanto está centrada em Cristo. É esta maternidade que fundamente a sua concepção imaculada, a virgindade e a assunção gloriosa.

O culto de veneração a Maria sempre acaba em Deus, para o qual ela está voltada. Nos católicos não olhamos tanto para Maria, mas para Deus do jeito que ela olha e com a sua ajuda. Maria é modelo de cristã, de membro da Igreja de Jesus, da qual ela é Mãe.

3) A Igreja. Maria está intimamente ligada à Igreja. Depois de Cristo, ela ocupa o lugar mais alto e também mais perto de nós. Em toda a sua vida, Maria aparece totalmente identificada com o novo Povo de Deus, do qual ela é modelo e Mãe.

Maria é a mulher nova que representa, com Cristo, a amizade restabelecida com Deus, que o pecado tinha quebrado. Como Cristo é o novo Adão, Maria é a nova Eva. Maria é a cristã perfeita, a primeira discípula de Jesus, aquela que escuta a sua palavra, guarda no coração e medita sobre ela, a fim de transformá-la em vida. Junto com a Igreja, Maria canta a glória de Deus realizada em Cristo em favor dos homens.

Um detalhe importante é o pedido de Maria aos serventes: “Fazei o que ele vos disser”. Este pedido tem um sentido amplo, e é dirigido a todos nós, seus filhos e filhas. Aí está o sentido profundo da devoção a Maria. Nós agradamos a ela, atendendo ao seu pedido de fazer o que o seu Filho nos disse, que está nos Evangelhos e na legítima tradição da santa Igreja.

Havia, certa vez, um homem que dizia para todo mundo: “Eu não acredito em Nossa Senhora nem gosto dela” Um dia ele estava viajando de avião, junto com um amigo. De repente o avião entrou numa tempestade e começou uma turbulência muito forte. O avião balança como palha ao vento. Apavorado, aquele homem disse: “Nossa Senhora, ajude-nos!”

O piloto conseguiu dominar a aeronave e ela atravessou a tempestade, voltando ao normal. Então o amigo disse àquele homem: “Você não disse que não gostava de Nossa Senhora? Por que então chamou por ela?” O homem respondeu: “Eu não gosto dela lá embaixo, em terra firme. Mas aqui em cima é outra coisa”.

Ainda bem que Maria Santíssima é nossa mãe, e uma mãe entende até esse tipo de filho. Entende e atende. Vamos gostar dela e pedir a sua proteção sempre, não só quando estamos em perigo.

Jesus realizou este início dos sinais em Caná da Galiléia.

Padre Queiroz

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