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4 de ago. de 2010

Agosto(5-quinta)2010 - Fernando

Agosto(5-quinta)2010 Comentário à 1ª Leitura

(18ªsemana T.Comum-2a7 agosto julho ( http://liturgiadiariacomentada.blogspot.com/ )

Jeremias 31,31-34 Concluirei uma nova aliança e não mais lembrarei o seu pecado.

[Evangelho Tu és Pedro.Eu te darei as chaves do Reino dos Céus.Mateus 16,13-23 ]

Se o início do cap.31 é um hino de alegria e esperança nesses versos 31-34 o tema da nova Aliança aparece em termos claríssimos. Ela consiste numa Lei agora escrita diretamente no coração. Esse o grande passo na evolução da religião de Israel que Jeremias explicita, tema também proclamado por outros de diversas formas como por Ezequiel, Oseias e Isaías. Aqui podemos encontrar as origens mais antigas do conceito que séculos mais tarde será elaborado durante a expansão do cristianismo em meio a discussões sobre o mistério da trindade: o conceito de Pessoa. A Aliança nova também é feit com um povo “eu serei seu Deus e eles o meu povo”, verso 33) mas talvez a grande novidade será o fato de que o “conhecimento” nem precisará mais da mútua instrução (verso 34) porque “todos me conhecerão, dos menores aos mais importantes” do povo. Interiorização e universalização dessa contato por assim dizer direto com Deus.

Não há um Deus novo nem um povo novo nem mandamentos novos. Novo é o modo e os meios pelos quais vai acontecer a nova Aliança. Esse oráculo de Jeremias é a base da doutrina teológica central do novo testamento, (ver 2ªcoríntios 3, Hebreus 8). Está subjacente ao discurso de Jesus na última ceia (João dos cap.12 ao 17). A Aliança do Sinai foi rompida muitas vezes porque não havia correspondência humana ao amor divino, mas a nova Aliança terá êxito definitivo. Porque Deus colocará dentro de cada um o poder de responder amor com amor. A teologia como elaboração e reflexão sobre a fé vai chamar a isso de “Graça”. Gosto de repetir que a Fé “supera” por assim dizer, a Religião. Toda religião é sempre expressão, em cada cultura e momento histórico, da busca do homem por Deus. Mas a Fé é dada diretamente pelo Espírito como que implantada dentro do coração de cada ser humano, que pode entrar em diálogo místico com o Criador, no ambiente em que vive, em qualquer momento da história (ver, por ex., carta aos Romanos).

O evangelho de hoje confirma, tanto na declaração de Pedro como no episódio seguinte, o cumprimento da profecia de Jeremias. O que Deus inscreve no coração é dom do Espírito. Tudo o mais vem de “fora”, e pode ser contrário a Deus, especialmente aquilo que tenta nos desviar do “caminho para Jerusalém” que é o caminho da cruz e da ressurreição conforme a linguagem dos livros neotestamentários. O mesmo Pedro que é exaltado é, logo a seguir, chamado de “satanás”. O Espírito colocou no íntimo de seu coração a fé no Ungido (Messias) de Deus. Esse conhecimento (termo usado no oráculo de Jeremias) não veio da “carne e do sangue”, expressão que indica o homem “natural” sem Deus. É bom lembrar que não se entendem os conceitos de Natureza e Graça (natural e sobrenatural) como dois mundos separados e antagônicos. Na verdade o que se opõe a Deus chama-se na bíblia “Pecado”. Natureza e graça são conceitos teológicos elaborados em função da compreensão da gratuidade absoluta, da autodoação do Espírito.

Esse contraste está evidenciado no texto por uma palavra dura de Jesus: Se, por um lado, Pedro teve a revelação, pode ser também um Shatan (=adversário) quando suas palavras se tornam um obstáculo onde se tropeça (=skándalon, em grego que originou o termo escândalo). No primeiro caso, Pedro é “movido” pelo Espírito. No segundo, como que desconectado do seu próprio “centro” fica sujeito sob motivações insconscientes e outros desvios possíveis próprios da fragilidade da “carne”, deixando sua vontade fora de foco, sem a luz necessária para identificar a presença divina em si mesmo. É como se descreve em Rom 7,15ss: acabamos fazendo não o bem que queríamos...

A revelação, (“conhecimento” nos termos de Jeremias) é posta dentro do coração. É sobre essa Fé (aqui proclamada por Pedro em nome de todo o grupo) que Jesus organiza sua “igreja” (=ekklesia, termo grego que traduz o sentido bíblico da “assembléia” que atravessou o deserto). É a “comunidade messiânica” que dá acesso ao “Reino dos Céus”. As “portas” do “Hades” (=região dos mortos) simbolizam os poderes da morte que tentam manter acorrentadas as vidas humanas ao Pecado que leva à morte eterna. Por sua vez, a “Ekklesía” irá arrancá-las dessa escravidão para para abrir-lhes as portas do “Reino dos Céus”.

Ligar e desligar são termos da linguagem rabínica de quem tem poder sobre a vida disciplinar na comunidade (condenar, absolver) e sobre as decisões doutrinais e jurídicas (proibir e permitir), funções próprias dos Rabinos. Dessa forma o Mestre indica que a comunidade (ou povo) que est[a a caminho da plenitude da vida com Deus se faz presente nesta terra por intermédio de uma sociedade organizada, da qual Pedro é o chefe. De certa forma podemos dizer: a “Ekklesía” é um resumo do Reino e Pedro resume a “Ekklesía”. Ou: não há Pedro sem Igreja e essa não existe sem o Reino.

E o Reino acontece na medida do Espírito que é derramado no coração dos humanos.

( prof.FernandoSM, Rio, fesomor2@gmail.com )

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