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24 de ago. de 2010

Agosto(25-quarta)2010 - Prof. Fernando

Agosto(25-quarta)2010 Comentário à 1ª Leitura

(Quarta-feira da 21ªsemana do Tempo Comum - 22 a 28 agosto)

( http://liturgiadiariacomentada.blogspot.com/

2Ts 3,6-10.16-18 Quem não quer trabalhar, também não deve comer.

[Evangelho Estais cheios de hipocrisia e injustiça. Mateus 23,27-32 ]

Trabalhar ou descansar?

As cartas à comunidade de Tessalônica são as primeiras escritas por Paulo e dão uma série de conselhos para quem vive na certeza da consumação escatológica (última, definitiva) do Reino. Seguindo o salmo 128 – que está na liturgia de hoje – “felizes os que obedecem ao SENHOR e andam nos seus caminhos. Comerás do fruto do teu próprio trabalho: assim serás feliz e viverás contente”, Paulo se apresenta ele mesmo como exemplo de quem trabalha para seu sustento e para não “ser pesado a ninguém”.

No ônibus ou metrô, ou basta olhar para o burburinho de gente apressada no centro da cidade ou no próprio local de trabalho – fábrica, escritório, corporações, canteiro de obras, etc. Aí podemos ver uma rotina seguida por quase cem por cento da população: mesmo crianças ou deficientes estão ocupadas em muitas atividades. É da “condição humana” a capacidade de desenvolver seus talentos, de contribuir para o crescimento da sociedade em cada vila, cidade ou país e de conseguir, por causa da produção e do consumo, uma remuneração que serve para adquirir o “pão de cada dia” e bens necessários à vida, no cuidado de si e da própria família.

Essa tarefa, em outros contextos, já foi exclusiva do “pai de família”. Deve-se lembrar ainda que outro trabalho (quase contínuo e quase escondido) era exclusivo da “mãe de família” cujo encargo prioritário era o de educar de perto os filhos e administrar a casa. O trabalho na vida atual tomou mais espaço, seja na extensão no tempo, seja no envolvimento de todos os que vivem na mesma casa. Novas circunstâncias levaram as mulheres a mais trabalho, na famosa “dupla jornada”, acrescentando ao encargos tradicionais e domésticos o exercício de profissões e empregos. Muitas vezes também os filhos antecipam sua entrada no campo das atividades econômicas da produção de bens e serviços. Isso pode gerar novos conflitos em seu tempo de formação e estudos que, segundo se crê, deveriam ser prioritários até certa idade.

Mudadas as condições sociais e econômicas, permaneceu o trabalho. Como no mundo antigo de Paulo de Tarso, assim, no complexo mundo globalizado atual, continua a ser elemento central na vida humana. A Revolução Industrial e, especialmente no século XX, a aceleração tecnológica, introduziram no “espírito do tempo” outras ênfases culturais. Por um lado há uma espécie de obsessão pelo trabalho: “time is Money” – tempo é dinheiro. Por outro lado, as formas de produção e consumo estabelecem a regra da “concorrência” que, de certa forma, introduz um tipo de “batalha ou guerra social” entre pessoas e grupos, entre ocupantes de cargos numa organização e entre empresas empenhadas em permanente disputa para conquistar a preferência de seus consumidores. Paradoxalmente, sociedades que quase transformaram o trabalho em fanatismo religioso – seja nas formas históricas de capitalismo, seja nos chamados socialismos concebidos para substituir o outro sistema – entendem (ambos) a riqueza em função do lazer, da cultura do fim de semana, da aposentadoria, da expectativa das férias remuneradas e da diminuição da semana de trabalho (com maior remuneração, se possível). E um número infindável de outros “sonhos de consumo”.

Vivemos em condições sócio-políticas, econômicas, culturais e tecnológicas muito diferentes daquelas do mundo antigo onde viviam também os cristãos de Tessalônica nos anos 50 do primeiro século de nossa Era (a “era comum” ou “D.C.”). Não acharemos na Bíblia uma resposta para os desafios de nossa geração e do século 21. Certamente, porém, a carta aos Tessalonicenses pode inspirar-nos em nossas responsabilidades. Não só trabalhar para comer. Hoje somos mais responsabilizados porque temos mais recursos: ciências, tecnologias, democracia e comunicação num mundo “globalizado”. E temos mais consciência do dever de melhorar muito as condições de vida humana e de estendê-las para um maior número de habitantes do planeta.

A ideologia do progresso crescente e ilimitado, subproduto da Revolução Industrial e do Iluminismo ou, numa palavra, da Modernidade ocidental, foi destruída por guerras mundiais ou pelas atuais guerras localizadas, quase permanentes, tidas até como forma de “organização” econômica.

Paulo escreveria hoje não só aos cristãos mas, certamente, ao público maior de enorme diversidade cultural e religiosa – não mais restrita às fronteiras do Império Romano. Ele lembraria que é maior a nossa responsabilidade em vista da difusão dos benefícios da modernidade. Em busca de melhores condições de saúde, educação e convívio social; de incentivo às artes e ao desenvolvimento cultural em geral; de mais proteção diante de catástrofes naturais; de uma nova maneira de interagir com a “Natureza” nessa casa-planeta flutuando no infinito espaço cósmico...

Essa é tarefa para todas as crenças e povos. Apesar de haver talvez menos atenção hoje em dia para com as prioridades da fé no Criador. Com efeito, “no princípio” a terra era vazia e informe (Gên 1) até que o autor da vida resolveu “trabalhar” na invenção do mundo e dos humanos. No “sétimo dia” ele “entrou no seu repouso” e, desde então, o ser humano ficou encarregado de administrar essa herança. O “pecado”-padrão consiste em desperdiçar os bens do Pai, como o jovem consumista da parábola do filho pródigo.

Como se diz no evangelho de hoje, não sejamos hipócritas como certos fariseus que estavam mais preocupados com o “cumprimento da lei”, isto é, da religião, mas não cuidavam das necessidades de outros, sobretudo dos mais massacrados em sua dignidade. Inclusive por causa de suas condições de trabalho.

( prof.FernandoSM, Rio, fesomor2@gmail.com )

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