Agosto(13-sexta)2010 Comentário à 1ª Leitura
(19ªsemana T.Comum-
Ezequiel 16,1-15.60.63 tua beleza era perfeita pelo esplendor com que te cobri; e te prostituíste.
[Evangelho Mas não foi assim desde o início. Mateus 19,3-12 ]
Cap. 16: Ezequiel trata com extrema liberdade e realismo da infidelidade de Jerusalém aqui comparada a uma mulher infiel. Um quase poema erótico para contar essa parábola com a imagem conjugal várias vezes usadas por profetas.
É uma condensação também da história de Israel tomando a parábola para comparação da prostituta, a cidade de Jerusalém, capital do reino. Veio do deserto, foi formada como se cria uma criança órfã. Conheceu seu esplendor sob o rei Salomão mas depois se prostituiu com as alianças com vários de seus poderosos vizinhos. A cidade e o reino acabaram por ser dominados sucessivamente por diversos impérios até sua destruição total juntamente com a destruição do Templo.
A leitura, porém se encerra com os versos 60 e 63 onde, novamente, o Senhor promete uma nova Aliança. Deus nunca desiste do ser humano mesmo esquecido por ele.
O tema do evangelho é também o da fidelidade/separação do casal. Jesus para justificar o melhor caminho do casamento usa conceitos como o de “projeto” e de “exceção à regra”. Relembra o “projeto” (para usar termo mais atual) original da criação e mostra a relatividade da legislação histórica que admite a “exceção’.
“Desde o início” , “no início não foi assim” remetem ao Gênesis. Sobretudo nos capítulos da criação encontramos o “projeto” divino para o ser humano. Criado à sua imagem e semelhança é como o herdeiro da parábola do filho pródigo. Tudo foi confiado aos seres humanos. No sétimo dia o criador “entrou no seu repouso”. Deixou a liberdade como o maior dom para o ser humano. Ficou para os habitantes da terra a responsabilidade em gerir os bens e administrar a própria história.
Deus não tem propriamente passado e futuro. Só o presente (no que nós chamamos de “eternidade”). Nós, porém, temos memória e precisamos recordar como era “no princípio” sabendo de seu projeto de amor constante. Ele ama em cada momento presente cada pessoa. Por isso é criador, redentor, salvador.. Por isso fomos criados à sua imagem e semelhança, para viver como ele, na eternidade. Por isso temos meditamos o Gênesis. Por isso louvamos aquele que era, que é e que virá conforme a expressão usada na liturgia pelos primeiros cristãos (em aramaico): “marana-tha” (ou “marán-athá” = o nosso Senhor vem (em aramaico é citada em 1Corintios 16,22 e o autor do Apocalipse transpôs para o grego – cap.22v.20 – com 3 palavras: vem - Senhor - Jesus)
Porque o amor do criador é sempre presente. Na parábola do filho pródigo é ele como aquele pai está sempre aguardando a volta do filho. O retorno daquele que desperdiçou e desgastou todos os seus bens. A terra e todos os bens foram deixados à nossa administração. A terra seria para todos desfrutarem sem injustiças e guerras : se tivéssemos comprendido a narrativa da criação.
No princípio não foi assim.
( prof.FernandoSM, Rio, fesomor2@gmail.com )
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